A Equipe CaféPoint esteve no Espaço Café Brasil 2010, em São Paulo/SP e gravou diversas entrevistas com os participantes da feira. Natália Fernandes conversou com Isaac Ribeiro Gabriel, proprietário da Fazenda São Gabriel em Guaxupé/MG, a respeito do modelo de produção adotado, os investimentos em qualidade, a criação das marcas próprias e as dificuldades encontradas.



"A Fazenda São Gabriel foi uma das primeiras a produzir cafés para atender o mercado de cafés especiais. Fazemos a parte agrícola, preparação de café, rebenefício, catação eletrônica, revisão, torrefação e o café sai da fazenda em pacotes prontos para consumo."

"O modo de preparo agrícola, ou seja, todos os processos desde colheita, tratos culturais, processamento via úmida e via seca, benefício e rebenefício são em lotes fechados. Fazemos café buscando um nível de café especial."

"Para fazer um aproveitamento de todo lote, temos três marcas: Arte Café, que são as peneiras altas, em segundo são as peneiras intermediárias da marca Extrato e em terceiro, para as peneiras mais baixas, limitando a 14, temos o café classificados por nós como premium."

"Fazemos o melhor aproveitamento da nossa produção, utilizando também os cafés que não entram no mercado de cafés especiais mas que também são de ótima qualidade."

"Em 1998 começamos com a marca própria e tivemos uma aceitação muito boa. Porém, nossos cafés tinham custo alto, pois é um café relativamente caro de produzir, mas competiam com outros cafés mais populares."

"Apesar de os cafés mais populares terem um nível de qualidade maior, os consumidores não tinham poder de julgamento de um café muito bom e o que ele estava consumindo. Com isso, tive muita dificuldade em vender café muito bom pois eu não conseguia agregar valor."

"A luta foi até 2002 quando lancei um café especial. Com isso você começa agregar valor pela embalagem, pelo marketing e pela conquista e persistência de mostrar o que é um café especial."

"Fiz muitas palestras sobre o que é um café especial e as diferenças no modo de preparo. Com isso conseguimos liderar com café especial. A marca que tinha criado não consegui tirar pois já tinha seu público, por isso criei uma terceira marca."

"A terceira marca atinge e satisfaz o mercado, além de entrar no mercado acima da grande maioria dos cafés populares, porque tem uma origem bem preparada."

"Já fizemos exportação para o Canadá e Estados Unidos mas é muito difícil. Uma pequena fazenda, por mais qualidade que tenha, o processo de exportação é complexo. As pessoas lá fora precisam confiar no fornecedor e como somos muito pequenos não mostramos credibilidade."

"Já exportamos para vários países, mas para que isso vingue teria que ter uma base em cada um desses destinos para trabalhar o café e dar continuidade no negócio."

"Falta amadurecer esse mercado de se ter um destino, como uma cafeteria por exemplo. No caso eu forneço para essa cafeteria, dou assistência, ajudo regular a máquina e ensino tirar café e a qualidade do café chega ao consumidor."

"Para os demais produtores, a dica é persistir. O café é o segundo orçamento do mundo e tem mostrado que várias empresas grandes que estão entrando nessa linha dos cafés especiais têm conseguido sucesso."

"O cafeicultor brasileiro precisa acreditar que se ele fizer um produto melhor ele vai ser bem remunerado."